O
que Jair Bolsonaro quis mesmo dizer ao gargantear, na parte da manhã do 7 de
Setembro, que “não aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou sentença que
venha de fora das quatro linhas da Constituição”? “Não aceitaremos” quem, cara
pálida?
Quem
julgará que uma medida ou ação ou sentença do Supremo Tribunal Federal se deu
fora das quatro linhas da Constituição? Quem? É ele, Bolsonaro, que julgará?
Com qual autoridade? Só poderia fazê-lo se atuasse também fora das quatro
linhas.
Essa fala não mereceria resposta
dos ministros do Supremo, uma vez que Bolsonaro foi vago e o país acostumou-se
a ouvi-lo dizer bobagens e depois dar o dito pelo não dito. Mas ele não foi
vago quando à tarde, na Avenida Paulista, atacou Alexandre de Moraes.
Chamar um ministro do Supremo
de “canalha” e dizer que desrespeitará qualquer decisão dele está mais para um
ataque frontal à instituição e uma agressão flagrante à Constituição. Não
poderia ficar por isso mesmo, e não ficará.
Mal Bolsonaro terminou sua
arenga em São Paulo, 10 dos 11 ministros do Supremo conversaram virtualmente.
Faltou Dias Toffoli, o queridinho de Bolsonaro e ex-queridinho de Lula, que o
fez ministro em 2009, e do PT, que o apoiou com entusiasmo.
Anote
aí palavras usadas pelos ministros ao referirem-se ao presidente da República:
arruaceiro, golpista, louco, despirocado, criminoso, fascista. A sessão
informal do tribunal durou pouco mais de uma hora. Hoje, o ministro Luiz Fux
falará à Nação.
Dele não se espere,
contudo, nada na linha do que disse em nota o ex-ministro Celso de Mello que se
aposentou no ano passado:
“Os
discursos de Bolsonaro em Brasília e em São Paulo revelam a triste figura e a
distorcida mente autocrática de um político medíocre e sem noção dos limites
éticos e constitucionais”.
(Blog do Noblat)