Em depoimento prestado à Justiça Eleitoral nesta quarta-feira, em Curitiba, Marcelo Odebrecht afirmou que
se sentia o “bobo da corte” do governo e demonstrou descontentamento
por ter sido obrigado a entrar em projetos que não desejava e a bancar
repasses às campanhas eleitorais, sem receber as contrapartidas que
julgava necessárias. O ex-presidente da Odebrecht detalhou que tinha
contato frequente com o alto escalão do governo, mas ressalvou: “Eu não
era o dono do governo, eu era o otário do governo. Eu era o bobo da
corte do governo”.
No depoimento, ele falou também sobre a “naturalidade” do caixa 2 em
campanha eleitoral, defendeu a legalização do lobby e deixou claro que a
Odebrecht não era a única empresa a usar doações para conquistar apoio
político.
Odebrecht foi ouvido pelo ministro Herman Benjamin, corregedor-geral
da Justiça Eleitoral e relator da ação no Tribunal Superior Eleitoral
que investiga a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer na campanha eleitoral de 2014. O processo pode levar à cassação de Temer.