Há pouco mais de um ano, o Supremo Tribunal Federal informou,
por meio de uma nota oficial, que União, estados, Distrito Federal e municípios
têm competência concorrente, na área da Saúde, para realizar ações de mitigação
dos impactos da Covid-19.
Quer dizer: é responsabilidade de todos os entes da Federação
“adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à
pandemia”. Desde então, o que diz o presidente Jair Bolsonaro e o que voltou a
dizer ontem?
Lamentou que a
condução das ações contra a pandemia tenha sido tirada de suas mãos. “Eu gostaria muito de estar conduzindo os destinos da questão da
pandemia no Brasil”, teve o cinismo de dizer. Cinismo, não.
Deliberadamente mentiu, como de costume.
Na mesma
ocasião, pôs outra vez em dúvida a eficácia da vacinação, o passaporte da
vacina e as medidas de isolamento de autoria de governadores e prefeitos.
Reclamou da imprensa por não reconhecer seus méritos no combate à pandemia.
Quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária recomendou a
vacinação infantil, ele se opôs. Pediu o nome dos técnicos da agência para
expô-los aos ataques dos seus devotos ensandecidos. Disse ser irrisório o
número de crianças vítimas da Covid.
A mentira é sua arma favorita, talvez a única, para manter-se
politicamente vivo. Portanto, não abrirá mão dela até seu último dia de
desgoverno. Não basta, porém, que minta. É preciso mentir hoje e amanhã
novamente. Mentir de corpo e alma, impunemente.