Promovida pela Procuradoria Especial da Mulher (PEM) e mais 30 entidades parceiras, a 1ª Marcha em Defesa das Mulheres, em alusão ao Agosto Lilás, reforçou a luta pelo fim de todas as formas de violência contra a mulher e o fortalecimento dos direitos femininos. A mobilização saiu da sede da PEM e seguiu até a Praça Portugal, com paradas nas praças da Imprensa e das Flores.
A procuradora da PEM, deputada Lia Gomes (PDT), ressaltou a importância de mostrar à sociedade o repúdio a essa violência crescente no nosso Estado e no nosso País e enfatizou a importância do engajamento dos homens nesse movimento.
Procuradora da Mulher, deputada Lia Gomes, convoca sociedade para se engajar na luta pela igualdade entre homens e mulheres
Segundo ela, esse é o primeiro evento promovido pela Procuradoria Especial da Mulher, e a ideia é continuar com outros a cada ano para chamar a atenção para essas causas tão importantes das mulheres, como a luta por igualdade. “Fico triste quanto escuto pessoas dizerem que estamos buscando privilégios. O que a gente quer é viver dentro da nossa casa sem violência, receber os mesmos salários que os homens, dividir as tarefas de casa de maneira igual, e esses momentos são sempre importantes para a gente trazer essas pautas para a discussão na sociedade”, afirmou.
Também presente à caminhada, a deputada Larissa Gaspar (PT), subprocuradora da PEM, destacou a participação e o engajamento das vereadoras do Ceará, do Movimento de Mulheres, das Mulheres de Partidos Políticos que se juntaram para fazer essa primeira marcha.
“A Marcha das Mulheres no Agosto Lilás pretende dar visibilidade à luta das mulheres contra a violência no sentido de mostrar para as prefeituras, o Governo do Estado e para a União que é preciso cada vez mais investimentos em políticas na área da educação, da cultura, da empregabilidade, da segurança, da moradia, que possibilitem as mulheres viverem sem violência, com liberdade e dignidade”, pontuou.
Ela acrescentou que os índices de violência contra as mulheres no Brasil continuam alarmantes e é preciso chamar a atenção de toda a sociedade para essa dura realidade para que “a gente possa modificá-la e de fato construir uma Fortaleza, um Ceará e um Brasil livre da violência contra a mulher”.
A ex-procuradora da PEM, senadora Augusta Brito (PT-CE), parabenizou a procura Lia Gomes e toda a equipe e os movimentos de mulheres pela ideia de promover a 1ª marcha no sentido de garantir o direito das mulheres.
Deputada Larissa Gastar, senadora Augusta Brito e procuradora da Mulher, deputada Lia Gomes. Foto: Bia Medeiros
“Estamos aqui infelizmente ainda brigando para não morrer e mostrar que estamos unidas nessa luta com movimentos sociais, assembleia legislativa, Senado Federal. Nossa meta é conseguir instalar nas 14 microrregiões do Estado a Casa da Mulher Cearense, equipamento de suma importante pela necessidade, mas que, no futuro, com o fim da violência contra a mulher, esses equipamentos tenham outra serventia”, declarou.
A deputada Gabriella Aguiar (PSD) disse que a marcha faz um chamamento à sociedade no sentido de se mobilizar nesse mês Agosto Lilás. “Infelizmente os números de violência contra as mulheres em nosso Estado ainda são alarmantes de feminicídio e de desigualdade de oportunidades”, disse. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), só no ano de 2023, cerca de 68 mulheres foram assassinadas, sendo 11 descritas como crimes de feminicídios.
Ela acrescentou que, apesar disso, não se deve parar de denunciar, pois é necessário identificar e punir aqueles que praticam a violência contra as mulheres.
O deputado Fernando Santana (PT), primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa, que representou o presidente, deputado Evandro Leitão (PDT), na mobilização, parabenizou a iniciativa da Alece, por meio da Procuradoria Especial da Mulher, na luta em defesa das mulheres.
”Precisamos dizer um não a qualquer tipo de violência, e essa luta não pode ser só uma luta das mulheres, tem que ter o engajamento de nós homens também, de toda a sociedade. Temos que dar um basta a qualquer tipo de violência. O recado de hoje ao povo cearense é para mostrar que a Assembleia Legislativa está na luta para dizer esse basta: Não à violência contra as mulheres”, ressaltou.
Parlamentares participam da marcha e se unem à luta contra a violência Foto: Bia Medeiros
Os deputados De Assis Diniz (PT), Missias Dias (PT), Júlio César Filho (PDT), Marcos Sobreira (PDT) e Renato Roseno (Psol) destacaram a importância da mobilização deste sábado no sentido de dar maior visibilidade à luta em defesa dos direitos das mulheres.
Renato Roseno, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alece, lembrou que a violência de qualquer espécie causa dor e sofrimento. No caso das mulheres, essa violência, psicológica ou física, causa desigualdade econômica, sub-representação política nos espaços de poder e o feminicídio, que é a pior das violências. “A violência existe, é epidêmica, mas graças à liderança das mulheres hoje elas estão enfrentando essa violência. Mas a luta não é só das mulheres, é também dos homens, que, além de serem aliados, têm a obrigação de serem partícipes, sujeitos ativos desta luta”, enfatizou.
O movimento, que também visou levar à sociedade civil uma reflexão sobre as desigualdades de gênero que ainda permeiam a sociedade e se refletem nos altos índices de violência contra a mulher no Estado, contou com representação de inúmeras entidades da sociedade.
Edinilza Kokama cobra respeito às mulheres indígenas e minorias. Foto : Bia Medeiros.
Para Edinilza Kokama, representante das comunidades indígenas e do Movimento em Defesa das Mulheres do Amazonas, muitas mulheres em todo o mundo são provedoras da família e é preciso lutar para impedir que a violência e a discriminação tomem conta do mundo e que esse movimento traga igualdade não só para as mulheres de Fortaleza, do Ceará, mas também para as mulheres indígenas de todo o Brasil. “Quando nós, mulheres indígenas, saímos das aldeias, temos costumes, tradições e línguas que nos enriquecem, e isso precisa ser respeito porque o mundo é de todos e as minorias precisam ser respeitadas. O mundo é de todos”, destacou.
A vereadora de Tianguá e presidente da UVC Mulher, Magnolia Aragão, ressaltou a importância da marcha para combater o preconceito e o machismo estrutural e vencer o feminicídio e qualquer tipo de violência contra a mulher. “Estamos muito felizes por estamos juntos organizando essa primeira marcha de muitas que virão. Tenho certeza que essa luta é de toda a sociedade, homens, mulheres, jovens e adolescentes.”
A 1ª Marcha em Defesa das Mulheres percorreu a avenida Desembargador Moreira sentido praia. Na Praça da Imprensa, foi feito um minuto de silêncio pelas mulheres vítimas da violência.
E, no final da marcha, na Praça Portugal, o Departamento de Saúde e Assistência Social (DSAS) da Assembleia Legislativa, por meio da Célula de Enfermagem, realizou aferição de pressão da comunidade e teste de glicemia.
A Marcha contra a Violência reuniu procuradoras das mulheres de vários municípios, vereadoras e representantes das mulheres.
O evento contou com a participação do Movimento da Mulher do Legislativo Cearense (MMLC); União dos Vereadores do Ceará (UVC-Mulher); Associação dos Municípios do Estado do Ceará; Governo do Estado do Ceará; Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece); Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio); Coordenadoria das Mulheres de Fortaleza; Comissão da Mulher Advogada da OAB; Coalisão Nacional de Mulheres; Associação Cearense de Advogados da Família (ACAF); Instituto Empoderar; Frente Nacional das Mulheres com Deficiência; Instituto Maria da Penha; Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDM); Conselho Cearense dos Direitos da Mulher (CCDM); Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas (ABMCJ Ceará); Academia Cearense de Direito; União Brasileira de Mulheres; Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Ceará; Aliança Nacional LBGTI+; Mães da Resistência; União Nacional LGBT (UNALGBT); Fundação Mulheres Aceleradas; Grupo Mulheres do Brasi; Instituto Direito Acessibilidade e Inclusão; Sindicato dos Policiais Civis do Estado; Vem Cá Mulher; Movimento de Valorização da Mulher.