Chamou a atenção de quem acompanha de perto a política sobralense as recentes declarações do prefeito Oscar Rodrigues, no programa Izaias Nicolau, revelando seu interesse em ampliar a zona urbana da cidade. À primeira vista, o tema poderia ser visto apenas como uma proposta de desenvolvimento, mas a questão ganhou contornos polêmicos: Oscar é apontado como o maior proprietário de terras no entorno de Sobral, justamente nas áreas que seriam beneficiadas pela mudança — tanto na região leste, em direção ao distrito de Jordão, quanto ao sul, na saída para Forquilha.
A transformação de áreas rurais em urbanas costuma gerar forte valorização imobiliária, o que desperta questionamentos sobre um possível conflito de interesses. Quando o agente público responsável pela decisão também é um dos principais beneficiados por ela, o debate deixa de ser apenas técnico e passa a ter peso ético e político.
Embora a expansão possa ser defendida como forma de atender ao crescimento populacional e atrair investimentos, sem estudos técnicos independentes e transparência no processo, a medida corre o risco de ser percebida como um ato que mistura patrimônio privado com poder público. Essa impressão, em tempos de maior vigilância social, pode desgastar a imagem da gestão e abrir espaço para cobranças de órgãos de controle.
A população de Sobral tem o direito de saber se a proposta de ampliar a zona urbana atende prioritariamente ao interesse coletivo ou se, na prática, servirá para impulsionar ganhos privados. O debate está aberto — e dele dependerá a credibilidade de mais um capítulo da administração municipal.
(Blog Sobral em Revista)