Por Marco Damiani, do BR2pontos -
A hipocrisia da Rede Globo atingiu um limite maior, um recorde! Pelas
novelas, há décadas, todas as noites, em horários nobres, incentiva o
sexo precoce, rebaixa as mulheres a objetos sexuais, faz elegia do
machismo, glamouriza a prostituição, afiança traições, arranca roupas,
tira camisas, exibe bundas, paga peitinhos e... agora diz que a política
interna da emissora não se coaduna com o vil assédio sexual do ator
José Mayer - ele próprio personagem cafajeste, poligâmico e violento.
Na verdade, um simples afastamento do assediador e a
liberação de campanhota de atrizes contra o assédio - exatamente elas
que, pela grana, claro, topam todos os papeis de mulheres inferiorizadas
que a Globo lhes dá - não são bem uma punição nem uma autocrítica.
Panos quentes, isso sim.
A questão do assédio do galã de olho de vidro sobre a trabalhadora dos camarins é maior e de fundo.
Umberto Eco previu que a televisão de má qualidade
destruiria a sociedade italiana. A Globo destruiu a brasileira, e não há
no horizonte de longo prazo qualquer chance de reverter essa situação,
levando a democracia a, ao menos, domar a Globo. O PT, que teve
correlação de forças favorável para fazer isso, tremeu. E traiu.
Agora, um dos resumos da nossa ópera bufa se chama José
Mayer. O cara vem e diz que errou, as globelezinhas botam camisetinhas
dizendo que todas foram mexidas e colunistas do pensamento único já vão
dizendo que a Globo dá exemplo de administração de crise. Triste e
patético.
Quero ver pedir para mudar o foco das novelas, reivindicar
um jornalismo que não misture tragédias e alegrias para banalizar a
vida, exigir mínima isenção política e combater a propriedade cruzada.
O resto, como diria FHC, são 'pinuts'.