A Polícia Federal já havia elaborado um plano de contingência para prender Lula caso ele não se entregasse. OPlano B seria colocado em prática na manhã deste domingo, depois das 6h. Agentes federais invadiriam a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, para executar o mandado de prisão emitido por Sergio Moro. Em contato com dirigentes da PF, o juiz da Lava Jato revelou-se irritado com a pajelança política promovida por Lula em São Bernardo do Campo.
O acordo que evitou a detenção de Lula na marra foi costurado no eixo São Bernardo-Brasília-Curitiba. Ex-ministro da Justiça no governo de Dilma Rousseff, o petista José Eduardo Cardozo teve papel central na negociação. Sua participação injetou ironia no processo, pois Lula e a cúpula do petismo eram críticos ferozes da atuação de Cardozo como ministro. Na época, queriam que ele domasse a Polícia Federal, anestesiando a Lava Jato. A corrosão de Lula ajuda a entender essa inquietação. O petismo sabia o que fizera no verão passado.
O acordo para que Lula se rendesse foi esboçado na sexta-feira, depois que a Polícia Federal recebeu a informação de que o condenado não se apresentaria voluntariamente em Curitiba até as 17 horas, como Moro determinara. Agentes federais estavam acantonados secretamente nas proximidades do sindicato desde a noite de quinta-feira. Mas a PF decidira que só invadiria o bunker de Lula se não houvesse outra alternativa. Ainda assim, com ordem expressa de Moro.
Josias de Souza