A cidade cearense de Sobral
recebe, a partir desta segunda-feira (27), uma exposição de fotos alusivas ao
eclipse solar visto naquele município há 100 anos por pesquisadores brasileiros
e estrangeiros. O fenômeno comprovou a Teoria da Relatividade Geral proposta
pelo físico alemão Albert Einstein anos antes e constituiu uma das maiores
conquistas científicas do século 20.
A
exposição Pelo Céu de Sobral pode ser vista na
Casa de Cultura de Sobral até o dia 29 de junho. A expectativa é de que o
ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes
participe da inauguração. Além da exposição, até o dia 31 deste mês, no mesmo
local, pesquisadores do Observatório Nacional (ON) desenvolverão atividades
relativas ao eclipse e à relatividade geral, interagindo com estudantes do
ensino secundário da cidade. “Vamos fazer vários experimentos que remetem a
Sobral”, disse à Agência Brasil o
diretor do ON, João Carlos Costa dos Anjos.
Está
prevista também a realização de uma conexão internacional com cientistas
ingleses e portugueses que estarão na Ilha do Príncipe, na África, onde, há 100
anos, o eclipse não pôde ser observado com perfeição, em função do tempo
desfavorável. “Será uma video-conferência internacional entre Sobral e a Ilha
do Príncipe”, explicou o diretor do ON.
Ainda
nesta segunda-feira, em Sobral, o astrofísico e pesquisador do ON, Jailson
Alcaniz, participará do evento Relatividade Geral, Passado, Presente
e Futuro. No dia 30, na mesma cidade, ele representará o
Observatório no Encontro Internacional do Centenário do Eclipse de Sobral.
João Carlos Costa dos Anjos
informou que na quarta-feira (29), quando se completa o centenário do eclipse,
o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e o Observatório Nacional
inauguram a exposição O Eclipse – Einstein, Sobral e o GPS,
alusiva à data, que tem como curador o diretor artístico e ator Marcello
Dantas. A abertura está programada para as 11h e também está prevista a
presença do ministro Marcos Pontes.
A
exposição terá entrada gratuita ao público e ficará aberta à visitação até o
ano que vem. De terça a sexta-feira, o horário vai das 9h às 17h; aos sábados,
o funcionamento será de 14h às 19h e, aos domingos e feriados, de 14h às 18h.
No
mesmo dia, o campus do MAST e do ON abrirá o novo
Centro de Visitantes, com projeto do estúdio SuperUber, que une design,
tecnologia e arquitetura para contar histórias de forma inovadora. “Tem uma
parte interativa, tipo Museu do Amanhã”, adiantou João Carlos dos Anjos.
Encerrando as comemorações
pelo centenário, o ON fará o lançamento de revista com várias entrevistas de
especialistas do Brasil e do exterior sobre a expedição a Sobral, e sobre a
relatividade geral. A revista será lançada durante a reunião anual da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorrerá entre os dias 21 e 27
de julho, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
O diretor do ON lembrou que
duas expedições foram organizadas pela ‘Royal Astronomical Society’ com a
missão de observar o eclipse solar, que aconteceu em Sobral e na Ilha do
Príncipe, na costa africana, então colônia portuguesa. A equipe do Brasil era
chefiada por Andrew Crommelin e contava com a participação do diretor do ON à
época, o astrônomo Henrique Morize, e dos pesquisadores Lélio Gama, Allyrio de
Mattos e Domingos Costa.
A
outra era chefiada pelo astrônomo inglês Arthur Eddington. “Só que lá choveu e
o eclipse não foi muito bem observado. Em Sobral, o tempo também estava nublado
mas abriu na hora e as fotos ficaram boas. Com essas fotos, se comprovou a
teoria da relatividade; que havia um desvio na luz que vinha de estrelas
distantes que passava na borda do sol”, disse João Carlos Costa dos Anjos.
“Durante
o fenômeno, com o sol eclipsado, deu para ver as estrelas lá atrás e foi medido
que havia um desvio”, completou o diretor do ON. Outras fotos foram tiradas
dois meses depois e, superpondo-as, pôde-se comprovar que tinha havido um
desvio quando a luz passava na beira do sol. “Isso comprovou então a teoria da
relatividade geral”.
O
eclipse de Sobral teve duração de 6 minutos e 51 segundos e foi considerado um
dos mais longos eclipses solares do século 20. Os dois locais, no Brasil e na
África, foram escolhidos porque poderiam oferecer as melhores condições para
observação do fenômeno. As fotografias tiradas permitiram concluir que as
estrelas não ocupavam suas posições habituais e previstas no firmamento, o que
era compatível com os cálculos feitos com base na teoria da relatividade.
(Informações da Agência Brasil)