ÉPOCA – Luís Antônio Giron
A mania de tuitar do presidente Jair Bolsonaro lembra Mickey Mouse no desenho animado “O Aprendiz de Feiticeiro” (1940), de Walt Disney. O rato é deixado sozinho na oficina do mestre. Sua tarefa é fazer a faxina no local. Como não quer dar duro, usa uma mágica que ele não domina e encanta o esfregão para que o utensílio faça o serviço no seu lugar. Mas o esfregão gera caos, arrancando os objetos e móveis e encharcando o chão. Mickey golpeia o esfregão com um machado. Mas este se duplica e se multiplica – e assim a cada golpe. Tudo parece perdido quando o feiticeiro volta para restaurar a ordem.
Também o feitiço virou contra o aprendiz de twitteiro. Bolsonaro se entusiasmou com a mágica do mestre Donald Trump, que lançou a moda de governar pelo microblog. Assim, desde que assumiu o governo — ou “a selva”, como tuitou no dia da posse —, passou a disparar mensagens contra a classe artística, os inimigos políticos, militantes de esquerda e sobretudo contra a imprensa. Insultou jornalistas na velocidade de uma postagem a cada três dias. O mais recente foi contra Constança Marques, correspondente do jornal “O Estado de São Paulo”, a quem acusou de conspirar para derrubar o governo. Como se não bastasse, postou um vídeo pornográfico para condenar os supostos costumes lúbricos em moda no Carnaval. Assim, popularizou o “golden shower” junto à família brasileira.
Dessa forma, nosso bravo noviço aumentou o tom e desferiu machadadas contra o esfregão até que desagradou a todos, inclusive apoiadores e as categorias que votaram nele, como funcionários públicos, policiais, militares e empresários. A pancadaria se instalou nas redes sociais, com repercussões internacionais nada positivas.