A menos de duas semanas do início do julgamento de Jair Bolsonaro, uma pergunta colocada à mesa da defesa pela reportagem segue sem resposta. O ex-presidente estará nas sessões de setembro do STF para ouvir sua sentença? A decisão estava para sair, faltava apenas sua palavra final.
A resposta dependia de três fatores: 1) a vontade pessoal de Bolsonaro de enfrentar o julgamento e a sentença frente a frente com o relator, Alexandre de Moraes, e demais ministros; 2) as orientações jurídicas, de seus advogados, e políticas, do partido; 3) o estado de saúde do ex-presidente, que tem recorrentes problemas no intestino, que exigem cuidados médicos.
Acusado de tentativa de golpe de Estado e atentado violento à democracia, o ex-presidente terá o futuro traçado pelo resultado dos votos dos ministros da Primeira Turma. A sentença está prevista para a semana seguinte ao emblemático 7 de Setembro. O julgamento começa no dia 2 e foram reservados cinco dias de audiências. No pior cenário, Bolsonaro pode ser condenado a 49 anos de prisão, pena máxima pedida pela acusação
A contraofensiva surpresa de Moraes e da Polícia Federal, nesta quarta-feira, 20, contra a artilharia bolsonarista mudou tudo. As medidas decretadas pelo STF de forma simultânea contra Bolsonaro, o filho Eduardo e o pastor Silas Malafaia, patrocinador e incentivador da campanha anti-Moraes, tiveram como objetivo engessar temporariamente a tentativa de obstrução ao processo. Pretenderam também enfraquecer as pressões pela anistia de Bolsonaro, com apoio de Donald Trump.