Quem está apaixonado fica em estado de graça: meio aéreo, sem prestar
muita atenção no que está se passando a sua volta. Isso todo mundo já
sabe. Mas cientistas da Universidade da Flórida acabam de descobrir que a
coisa pode ir muito além: o amor torna o cérebro humano literalmente
incapaz de prestar atenção em rostos muito bonitos.
Os pesquisadores fizeram um estudo para medir a atenção de 113 homens
e mulheres, que foram expostos a fotos de pessoas lindas (e outras não
tão bonitas). Metade dos voluntários teve de escrever, antes da
experiência, um pequeno texto falando sobre o amor que tinha por seu
parceiro. A outra metade fez uma redação genérica, sobre felicidade. Em
seguida, as fotos foram exibidas – com os olhos dos voluntários
monitorados por um computador. Quem tinha escrito (e pensado) em amor
passou a ignorar as imagens de pessoas bonitas – seus olhos simplesmente
não se fixavam sobre as fotos. E essa rejeição só acontecia com as
fotos de gente linda; com as imagens de pessoas comuns, não havia
diferença.
Segundo os cientistas, isso acontece porque, quando as pessoas pensam
em amor, seu neocórtex passa a repelir pessoas muito atraentes – que
são tentadoras e têm mais chances de levar alguém a praticar adultério. O
mais impressionante é que, entre os homens, esse mecanismo antitraição é
4 vezes mais forte do que nas mulheres. Os cientistas especulam que
ele teria se desenvolvido, ao longo da evolução, para ajudar os machos a
se manterem monogâmicos. “Há muitos benefícios evolutivos em uma
relação monogâmica, e o organismo leva isso em conta”, diz o psicólogo
Jon Maner.