O alcance da Campanha Ceará Sem Drogas, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará não
se afere apenas pelo número de jovens estudantes diretamente envolvidos (63 mil
em 17 edições da campanha realizadas em 25 cidades cearenses) nas palestras do
ex-jogador Walter Casagrande.
Mensurar
a repercussão da mensagem deixada pelo ídolo do futebol brasileiro não vai ser
tão fácil, não obstante, a cada edição realizada ter sido percebido, nos 25
municípios visitados, um aumento da procura por informação e atendimento por
meio do Centro de Referência sobre Drogas(CRD).
O
CRD é o principal equipamento de acolhimento disponibilizado pelo Governo do
Estado e, em quatro anos, realizou mais de oito mil atendimentos
presenciais relacionados ao uso de álcool e outras drogas. Além do
atendimento aos usuários, seus familiares são acolhidos e orientados sobre prevenção,
tratamento e reinserção social e profissional. O atendimento é gratuito e sem
necessidade de agendamento, incluindo, ainda, encaminhamentos à rede
socioassistencial e de apoio, bem como a comunidades terapêuticas, além da
oferta de orientações.
Em
dias em que a campanha acontecia, o número de ligações para o Centro passava de
10 para 30, confirmando a abrangência da campanha do Poder Legislativo
cearense. O equipamento funciona no bairro Jacarecanga, em Fortaleza. O CRD
dispõe de telefone com ligação gratuita (0800 275 1475), e o atendimento
acontece de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Desde
o lançamento do Ceará Sem Drogas, outras ações fortaleceram o trabalho de
prevenção, como a criação do Fundo Estadual de
Políticas sobre Álcool e Outras Drogas.
O Governo do Estado lançou, em 2016, quando
da gestão da deputada Mirian Sobreira à frente da Secretaria Especial de
Políticas sobre Drogas (hoje incorporada à Secretaria da Saúde), em 20 cidades
cearenses os programas Jogo e Elos, Tamojunto, Famílias Fortes e Juventude em Ação, inseridos no Sistema Integrado de Prevenção (SIP). O
primeiro (Jogos e Elos) é destinado aos alunos do Ensino Fundamental I e II, na
faixa etária de seis a 14 anos, de 60 escolas estaduais. Já o programa Famílias
Fortes consiste em disseminar informações e outras ações em diferentes
comunidades, por meio de 50 equipes de agentes comunitários. O programa
Juventude em Ação tem foco nos estudantes do Ensino Médio.
Evitar o Primeiro Contato: A Lição de
Casagrande
Aos 14 anos de idade, no ano de 1977 o então garoto
Walter Casagrande Júnior mantinha seu primeiro contato com as drogas e não
sabia que estava embarcando para uma sombria viagem cheia de percalços que
deixaria marcas irremediáveis em toda sua vida.
Em meio à carreira de jogador de futebol, o então
atleta foi apanhado por uso de substância proibida (doping), quando atuava no
Futebol de Portugal, e mais tarde confessou em um programa de entrevistas ter
sentido vergonha daquele momento.
Sempre que inicia a conversa com o público presente
às edições do Ceará Sem Drogas, o comentarista relembrou sua história no
esporte e como foi seu primeiro contato com as drogas. Ele lamenta o fato de,
quando jovem, não ter sido alertado sobre os efeitos da droga na vida de uma
pessoa.
“Tenho
certeza que tudo teria sido diferente se tivéssemos mais informações naquela
época. Há 10 anos estou sem usar nada, porque meus filhos resolveram me
internar. É aí que entra a importância da família. Você tem que se perguntar:
vale a pena experimentar sem saber se você vai virar dependente químico ou vai
ter controle sobre isso? Se a pessoa souber o sofrimento que é a vida de um
dependente químico, ela pensa duas vezes. Quando você entra para as drogas, aos
poucos, você vai perdendo a família, os amigos e a identidade. Depois de quase
dez anos, continuo me tratando. Porque a dependência química não tem cura”,
disse Casagrande, que, segundo ele, a família teve um papel fundamental para
encarar o tratamento da dependência. O atleta alertou os pais para que observem
a mudança de comportamento dos filhos, que dão indícios do envolvimento com as
drogas.
Hoje ele é o maior defensor do projeto idealizado
pelo presidente Zezinho Albuquerque, e que se tornou de toda sociedade
cearense: “O Ceará sem Drogas faz parte da minha história. Lutamos juntos nesse
combate. Esse programa deveria ser levado para outras cidades do país”,
completou.
(Blog do Edson Silva)