Há espaço ainda para o relator Marco Aurelio pedir parecer da Procuradoria-Geral. Daí o risco de o cheque enviado pelo ex-motorista à primeira-dama Michelle Bolsonaro entrar na mira do STF. O presidente já disse que o destinatário do dinheiro era ele. Ministros do STF se espantaram com o tamanho da trapalhada. “O enredo não é bom e o motorista apareceu cedo demais”, disse um integrante da corte, em referência ao funcionário que teve papel central na queda de Fernando Collor.
Quem pariu Mateus Marco Aurélio avisou que não vai examinar o caso nas férias. “Não há pressa nem urgência.” Indicou, porém, que, em tese, o próprio Fux pode reverter a trava que impôs à apuração. Se houver recurso, explicou, o colega tem a opção de derrubar a liminar que concedeu.
A ação de Flávio para se blindar recorrendo ao foro especial no STF também trincou discursos de juízes e ex-juízes que simpatizam com os Bolsonaro. Sergio Moro, abril de 2018, tratou o foro como “um escudo” para corruptos. Um mês antes, Marcelo Bretas disse que a prerrogativa era o que “segurava a corrupção”. (Daniela Lima – Folha)